segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Situar é preciso...

Olá a todos!

Quando mencionei em algum lugar sobre a despedida de 2009 deste blog, não parei para pensar que não é apenas um ano que se vai e sim uma década, a primeira consciente da minha vida, da qual eu tenho exatidão e lembranças presentes e claras de cada um dos dez anos que se passaram em intervalos felizes e tristes, breves e duradouros nem sempre os mais suportáveis possíveis. A vida nesse tempo foi uma subida atrás da outra, pouco a pouco as perspectivas foram dando lugar aos acontecimentos, e as obrigações tomando o lugar dos sonhos.
Machado de Assis já disse que a vida é cheia de obrigações que a gente cumpre por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente, mas muitas delas fazem parte do desafio de se tornar quem você acha que é. Estive diante de escolhas fundamentais nesse período, e mesmo nem sempre fazendo as escolhas que eu queria ter feito, tive que receber as cobranças com juros e mora e pagar cada centavo delas. O mais se passou nesse tempo foram as pessoas. As mais importantes chegaram e foram embora, fizeram outras escolhas, escolheram outras pessoas, e deixaram sim o vazio em seus lugares.
Talvez eu tenha feito isso também na vida delas, nossas escolhas nos distanciaram, mesmo nos aproximando fisicamente às vezes. Sinto falta de muitas, outras nem tanto, mas sinto falta dos episódios, os troféus que não ganhamos, as risadas que não terminaram. Em meio aos projetos, talvez os dois mais imediatos tenham sido alcançados, espero daqui a dez anos escrever o mesmo sobre os restantes. Aliás, os próximos dez anos é algo que me preocupa, afinal, quando comecei esta década eu não tinha muita certeza do que iria fazer, só que na próxima, eu tenho que pisar exatamente nos lugares certos.
Acho que eu sou uma pessoa que não faz votos para o Ano Novo, no máximo uma planilha de perspectivas, esperando que estas se tornem possibilidades reais. Tenho quase certeza de que há dez anos atrás a minha única preocupação era conseguir tocar uma música com mais de três acordes, hoje, depois de ver tantas promessas de juntos para sempre se desfazerem, só espero ver o telefone tocando, e poder abrir a porta a rostos familiares, rir e chorar com eles, para que eles me façam ter certeza de horas que passamos juntos aconteceram de fato, e que na companhia destes ilustres, eu nunca esteja sozinho...

E cada vez mais, eu acredito que não há uma razão...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Olhando em volta...

Olá a todos!

Enfim dezembro chegou. Para a maioria das pessoas representa uma época boa, de renovação e de reflexão quanto ao que foi feito e o que se deve fazer. Para mim no entanto nem sempre foi a data mais esperada do ano, talvez por faltarem acontecimentos felizes relevantes que pudessem ser remetidos diretamente ao espírito natalino. Ainda entre as datas, o dia 31 consegue se sobressair ao Natal, uma vez que a possibilidade de estar com os amigos se concretiza mais facilmente do que ficar com a família no dia 24.
De tanto pensar na simbologia do fim de ano, percebi que nos meus empreendimentos, seja qual for o resultado, o limite para o conhecimento dos seus sucesso ou fracasso, não ultrapassa o fim de novembro, o que faz do mês de dezembro um estágio intermediário inerte entre o que foi feito e o que se deve fazer, e por mais que exista um grande volume de atividades, não adianta ter pressa alguma, afinal o ano no ainda nem começou. Confesso que toda a reflexão acima sobre o fim do ano me ocorreu depois de um episódio curioso que presenciei hoje.
Passando pela rua depois do almoço, sentindo o calor tostar me a pele, tecendo possibilidades de poder driblar os efeitos do aquecimento global, quando me deparei com a figura de dois garotos de rua, que aquela hora (quase duas da tarde) almoçavam na calçada, talvez o almoço, café da manhã e janta já de muito atrasados. Qual não foi a minha surpresa quando um deles levantou o rosto e ao dar se conta da minha presença indagou:
- E aí, vamos almoçar? E eu que senti de súbito um nó formar-se na garganta, consegui responder com muito esforço:
- Não obrigado.
- Então, boa tarde. Não consegui pensar em mais nada além de lhe desejar boa sorte.

Quem visse a cena, ou quem a leia descrita aqui, poderia não compreender o absurdo que se dava naquele momento. E talvez a naturalidade do garoto tenha sido justamente o fator mais impactante de tudo. Muito fácil para nós nos fecharmos nos nossos estresses diários causados pela mão maléfica do capital, e nos sentirmos violados por não termos alternativas frente a esta máquina cruel de vender, comprar e consumir. O garoto - que depois que eu segui em frente, ainda esboçou um sorriso depois de ter ouvido algo que o companheiro o falou - preferiu comprometer a sua, talvez, única refeição do dia em nome não se sabe de que.
Agora ao escrever aqui, sinto que deveria ter voltado e lhe pedido desculpas por terem lhe negado uma escolha que ele não teve. Quero também pensar que de alguma maneira, eu possa vir daqui a algum tempo minimizar situações de constrangimento como essas. Constragimento para ele, que teve a gentileza de ser educado e pensar em alguém, que naquele momento estava preocupado em conseguir uma maneira de se sentir mais confortável...

Neste momento, a luz de uma estrela embrionária começa a brilhar no horizonte...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Passados possíveis...

Olá a todos!

Fazendo um apanhado geral dos acontecimentos recentes e comparando a outros mais distantes, não pude deixar de observar que o mês de novembro parece se situar em alguma zona negra do meu horóscopo - e que se antes eu não acreditava, começo a colocar as barbas de molho com as "coincidências" - que parece encerrar todas as possibilidades reais de que eu possa trazer a memória, algum acontecimento realmente feliz remetido ao penúltimo mês do ano.
Os mais sensatos vão imediatamente identificar algum tipo de transtorno obsessivo nas minhas digressões, mas com toda a sistemática que me for permitida, eu quero protelar quanto aos acontecimentos que parecem se concentrar nestes trinta intermináveis dias que antecedem a reta final do ano. Aliás, quero protestar quanto a mais coisas. Quero reclamar de todas as expectativas frustadas, dos "quase" que volta e meia permeiam as linhas que escrevo. Quero pleitear o direito de poder contar histórias com finais felizes e poder dizer "viu lá como deu certo".
Minhas conclusões preliminares não deixam muitas expectativas positivas a curto prazo. Quanto mais você vê menos você sabe, menos você descobre conforme você caminha, e eu sabia muito mais do que eu sei agora. Tenho uma mania estranha de sentir falta de coisas que eu nunca tive, e essas parecem representarem um vazio ainda mais incômodo do que as mais presentes. Sentimentos de "se" e "quase" são quase como as doses amargas daquele Gim que está no fundo do armário, mas que não raro sempre serve como companheiro ingrato.
Não olhem antes de rir, posso parecer feio na fotografia, e tudo o que é retratado é o que a câmera não pode ver. Me lembro de te ver caminhar sem medo. Lembro de ver você nas roupas que você fez. Queria realmente saber sobre realmente o que estou escrevendo, mas mais que isso queria saber responder às perguntas. Você consegue ver a beleza dentro de mim? O que aconteceu com a beleza que eu tinha dentro de mim? Você se lembra de mim? De como costumávamos ser? Você acha que deveríamos nos aproximar?

Infelizmente, bênçãos são somente para os que ajoelham... infelizmente...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Possibilidades versus perspectivas

Olá a todos!

Imagine que você fosse fazer uma enquete e pedisse a terceiros que listassem todos os piores sentimentos possíveis. Te adianto que o meu indicado seria o sentimento da impossibilidade. Não descarto que seguramente outras pessoas com uma análise mais racional que a minha poderiam vir a elencar um sentimento - seja ele raiva, ganância ou inveja - que pudesse vir a ser o mais votado, afinal é ainda essa diversidade de pensamento que me faz acreditar que nem tudo ainda está realmente perdido.
Mas detendo-se a minha análise particular, qual sentimento pior que estar limitado a fazer algo? Como fazer para medir acertos e erros, quando você nem sabe o que errou tampouco o que fez de certo? Esse dilema queridos leitores talvez possa ter um gosto ainda mais amargo que a derrota, uma vez que dentro do campo de batalha, você depende das suas armas e das suas habilidades e ainda que não saia vitorioso, teve por um tempo curto que seja a possibilidade de ter vencido.
O abatimento decorrente de episódios como este só faz aumentar quando você vê que seus empreendimentos, um a um, caminharem rumo ao "quase". E como quase sempre você sobrevive a esses naufrágios, a água salgada do mar acaba por ficar cada vez mais com um gosto familar para você. As considerações também são inevitáveis: será que vale mesmo a pena apostar nas improbabilidades? Ou, seria mais digno juntar os pedaços da embarcação e retirar-se ao gosto confortável do lar? Existe derrota em admitir que não se pode lutar?
Frente a todas estas perguntas não respondidas, só resta voltar a mesa dos desenhos, para continuar revendo os mapas e as possibilidades de onde o vento possa soprar a seu favor. Por quê não podemos considerar que ainda que não cruzemos o oceano na sua plenitude, atirar-se nele e aprender o ritmo de algumas marés também já não nos fez marinheiros mais experientes? Se é verdade que a Fortuna favorece os ousados, então por enquanto só nos resta esperar o que o oceano nos reserva...

Além do mais, deve haver alguma coisa que ainda te emocione...

sábado, 31 de outubro de 2009

Rodo-viagens...

Olá a todos!

Acho que esta é a primeira vez que escrevo fora dos limites de casa, e de semana passada para cá, muitos foram os quilômetros rodados por asfaltos que levam tantos a diversos destinos, e eu que vivo esperando a minha bússola apontar para o norte acabo por me descobrir em meio a tantas idas e vindas. Talvez seja por isso que os terminais rodoviários me fascinam tanto, é como se esses locais fossem responsáveis pela ligação entre pessoas que talvez nunca mais se vejam, mas que por alguns minutos, compartilham das mesmas expectativas, das mesmas angústias.
Confesso que me perco em terminais, é como se eu tentasse em vão dar conta de todos os rostos, semblantes e angústias, os minutos que demoram a passar, o transporte que demora a chegar e quando chega, dá o ponto final do bilhete de passagem. Talvez para a maioria das pessoas a alegria da viagem consista em se chegar onde pretende, talvez para mim, enquanto me encontro dentro de um ônibus com tantos outros passageiros que talvez nunca cheguem aonde realmente queiram ir, é que o universo das possibilidades se revele mais excitante.
Não descartaria a possibilidade de que é justamente pelo fato do convívio com prazo de validade, é que as histórias destes que passam se tornem mais interessantes em serem ouvidas. Gostaria de ter a memória boa o suficiente para poder me recordar de todas as boas histórias que escutei de motoristas, cobradores e todas essas pessoas que acabam por se tornar pessoas de uma universalidade tamanha dado o seu contato com pessoas dos mais diversos lugares e origens, é um tipo de riqueza que só se adquire na vivência.
Aplicada em outro contexto mais evoluído e desenvolvido tecnologicamente, diria que essas minhas viagens talvez se assemelhem com os empreendimentos daqueles se aventuravam pelos mares desconhecidos, e talvez fosse justamente o desafio daquelas ondas que os movesse frente ao desconhecido, afinal não faz sentido algum desperdiçar um sem número de possibilidades quando os ventos podem te levar para onde você quiser. Não sei que destinos posso tomar daqui para frente, e talvez seja isso que me faz levantar da cama todo dia, daqui para amanhã só espero poder mergulhar na imensidão verde novamente, que de uns tempos para cá, é o meu oceano de possiblidades preferido...

Ah, eu encontro vocês lá no lado escuro da lua...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Preço justo...

Olá a todos!

Não faz muito tempo que, com ledo engano, tive a pretensão de dividir opiniões aqui escrevendo sobre o que eu chamaria de omissão positiva - se é que isso é possível de alguma maneira. Desde então tenho sido intimado - mas bem menos do que o que gostaria - vez por outra, a elucidar os motivos dessa postura tão pouco ortodoxa e hoje, depois de um acontecimento que poderia ser legado facilmente ao trivial, meio que ensaiei a aplicação de uma teoria a sua nem tão coreligionária prática.
O fato isolado é em si uma das coisas que acontecem no dia-a-dia: a reprovação num este prático de direção. Toda a frustração do protagonista ainda não havia atigindo o seu clímax quando este o comunicou para os "amigos". O momento seguinte ao relato do acontecido foi para a infelicidade do nosso herói, talvez, a derrota mais amarga, pois foi reprovado por todos os seus pares, estes que acreditavam que ele deveria ter dado uma chorada para o fiscal. Neste ínterim, enquanto todas as possibilidades do que deveria ter sido feito/dito pelo nosso protagonista se esgotavam, eu me pus questionar a relação entre os valores e suas a(im)plicações.
Partindo da já errada premissa de que todos somos cidadãos responsáveis e conhecedores dos nossos direitos e deveres, nunca será exceção que quando sejamos nós que estivermos numa saia justa, as regras poderiam ser flexibilizadas. Esta mais autêntica aplicação do jeitinho brasileiro é por demais a maior responsável para que a sociedade não se choque com escândalos, desvios e toda a sorte de corrupção, pois é nesses menores casos do cotidiano que se tem plena convicção de que por mais que se ostente a placa de trabalhador honrado e cumpridor das normas, sabe-se que no fundo faria o mesmo que os senhores eleitos por eles próprios, afinal, faz claro sentido escolher um representante que transpareça os próprios princípios.
Nada do que foi escrito acima é novidade, Sérgio Buarque de Holanda já destacava as peculiaridades da cultura personalista desde quando desembarcaram por aqui os nossos colonizadores e não raro esses exemplos permanecem por aí. De tudo isso trago de vitória dois sentimentos: o de que essa revolta mesmo que interna, em algum lugar em mim se manifesta de forma a que eu me exclua desta prática nefasta; que na minha repulsa por esta maneira mais fácil de se conseguir as coisas, tive que caminhar e subir - e não raro escalar - todos os degraus que me trouxeram a esta metade do caminho...

E tudo permanece igual quando se pensa como tudo deveria ser...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Pagar para ver...

Olá a todos!

Foi passando o tempo ingenuamente com um jogo que nada tem de ingênuo - o poker - que a idéia de que os relacionamentos modernos (sendo estes amorosos ou não) estão cada vez mais fadados a se tornarem jogos-de-azar, jogando o que não tem, perdendo o que não pode, ganhando menos do que se esperava. Como comunmente tem se visto por aí, assumir uma relação tem adquirido muito mais traços de compartilhamento de convenções do que propriamente de reciprocidade. E nesta mão cega acaba se perdendo muito mais do que o que se apostou.
Nos atendo aos relacionamentos a dois, que é onde os danos de uma aposta mal sucedida pode acabar numa pior para um dos lados - e quase sempre para os dois - a idéia de permanecer no jogo é fixa enquanto as cartas estão do seu lado, "em time que se está vencendo..." diz o senso comum e a cada mão ganha, a sensação de que nada pode te parar é a mesma que te deixa cego para em seguida, numa virada de mesa você se ver sem uma única ficha para apostar.
Aqui não interessa se é um viciado em jogo ou se é um jogo viciado, se tudo vem fácil e fácil se vai, cartas, roletas e dados não interessam, o que interessa é quebrar a banca no fim da noite, e se não conseguir torcer para que a noite seguinte te traga uma sorte melhor. Nos jogos que se estabelecem com amantes, nem as cartas marcadas impedem de que profissionais e iniciantes, sortudos e azarões se igualem na mesma sequência de naipes e vejam a sua fortuna desaparecer quando as cartas são reveladas.
Não quero porém que me entendam como homem acima dos vícios, pelo contrário, estando num grupo seleto onde o azar se estende tanto ao jogo quanto ao amor, quantas e quantas vezes eu arrisquei na jogatina do destino pensando perder e ganhei. Mas sendo realista, não ganhei metade do que já empenhei nas mesas da vida, diria até que por vezes apostei demais numa mão que não retornaria o que foi posto a sorte, e no final tive que ver levarem todas as minhas fichas...

E foi só depois de perder que eu percebi que era um jogo...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Espelho meu...

Olá a todos...

Em dias como os nossos, onde a internet (e os seus sites de relacionamento) se tornou um veículo de autopropaganda em níveis exponenciais tanto de alcance quanto de retorno, uma questão por demais necessária se faz imprescindível ao debate: quanto se consegue preservar de imparcial na formulação da autoimagem? Quanto se consegue distanciar o indivíduo das marcas e rótulos que lhe vestem? Dessas perguntas surgem inúmeras respostas que nem sempre contemplam a verdadeira essência do questionamento original.
A formulação mais usual da autoimagem é a que é utilizada de forma a fazer com que as qualidades expostas sirvam para reparar a reprovação que as pessoas tem consigo mesmas. Essa tentativa exacerbada de obter aprovação alheia acaba por levar a uma sinuca por demais comum e rotineira para nós: é medindo sorrisos, pontuando frases que se ganha "pontos" em relações onde apenas os interesses comuns e imediatos representam alguma reciprocidade. A realidade de escritórios burocráticos ilustram perfeitamente o caso.
Intrisecamente ligado a este grupo está o outro oposto: os que numa representação megalomaníaca de uso do poder, erguem para si um status que está acima de qualquer crítica e opinião exterior, ficando cegos para as suas próprias falhas. A relação simbiótica resultado da interação destes grupos acaba por resumir as relações vazias tão em atividade que se vê por aí. O imediatismo parece ser a solução mais cabível no mundo em que tudo deve demorar três minutos.
A autoreflexão é de fato algo tão corriqueiro e útil, mas que por vezes parece ser deixado de lado e o seu abandono termina quase sempre nas autorazões e autosuficiências (como é estranho escrever sem hífen) que acabam por resumir o produto à sua embalagem. O mais engraçado nisso tudo é a noção de que quem não acompanha a onda acaba por ficar no ostracismo, mas nada melhor do que ver essa comédia do seu próprio lado da tela...

A boa conduta é um espelho no qual todos constroem sua imagem...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Contra a maré...

Olá a todos!

Não faz muito tempo que publiquei algo aqui sobre como me comportava frente ao "nobre" ato da omissão. Como na referida ocasião apenas dei um toque superficial ao tema, quero desta vez por mais questões a luz do debate. Antes que vocês me tomem por um negligente sem coração , eu gostaria de fazer as minhas ressalvas quanto a que tipo de omissão me refiro.
Quando me revelo como omisso, na verdade estou falando como alguém que tem relativas dificuldades em assumir determinadas posturas em situações diversas. Bem, se no final as coisas não aconteceram por falta de um pouco mais de empenho, eu já vejo esse filme a mais de duas décadas. E é dentro desta tragi-comédia que eu gostaria de, nas linhas seguintes propor uma visão alternativa dos fatos (e por que não cínica).
Bem, os motivos que me trazem "a pena" são por demais óbvios: fui interrogado quanto a apresentar "uma atitude séria" numa novela que não passará em lugar algum. Quero primeiro deixar claro que em nenhum momento eu fui acometido da vontade viril de provar que o meu interlocutor estava errado, quando no mais, fiz questão de honrar a minha já tão calejada dignidade omissa. Os mais críticos me lograram para a posteridade como covarde é verdade, mas o que é necessário frisar é que numa era em que as coisas que você já acreditou não existem mais, é muito, mas muito díficil saber que posturas tomar quando você não sabe nem em onde está pisando.
Somado a isso, o sentimento mais incômodo do mundo, o da mini-rejeição, onde você não tem certeza se as palavras que você disse vão representar aquilo que você quis realmente exprimir, ou ainda, se você vai pelo menos ter a atenção necessária para dizê-las. É meus queridos leitores, olhando do lado de cá, o instinto de auto-preservação lhe dá argumentos suficientes para manter as coisas exatamente do jeito que estão. A característica mais marcante da vida com certeza é a forma como inesperadamente as coisas mudam de lado, e quem sabe não foi esse "atalho" que te fez chegar onde você nunca pensou que pudesse.
Bem, eu continuo por aqui com a dignidade própria da minha omissão, tecendo considerações utópicas para justificar o que eu deixei e fazer, mas ao mesmo tempo sabendo que se for eu o maior desfavorecido com o resultado final, vou poder ter certeza de que eu poderia ter feito as coisas diferentes mas, ESCOLHI não fazê-las. Dentro de tantas coisas óbvias ditas acima, me faltou dizer a mais óbvia de todas: se eu tivesse atitude, com certeza não escreveria textos sem sentido como esse.

Na hora "h", no dia "d", na hora de pagar pra ver, ninguém diz o que disse, não era bem assim...

domingo, 26 de julho de 2009

Fala retratada...

Olá a todos!

De todos os talentos que eu não tenho, com certeza não saber desenhar é um dos que eu mais lamento. Se eu tivesse essa capacidade de registrar em imagem o que os meus olhos vêm, iria criar um albúm só com esses registros. Disse tudo isso acima porque nem sempre as palavras são necessárias para descrever a beleza existente na vida comum e, algumas cenas não conseguiriam ser expressas nem em uma biblioteca inteira.
Esse sentimento engraçado, mas que ultimamente tem causado uma série de novas percepções e sensações, de observar o comportamento de pessoas em lugares e horas específicas. Pode ser que haja no ambiente algum fator que dê um contorno especial a estas situações, mas na maioria das vezes todos os elementos combinados servem como moldura a uma espécie de tela pintada que se move, e os movimentos adquirem um tom de coreografia que se ajusta na medida ao espetáculo criado pela minha observação.
A imagem veio quando me encontrava sentado frontalmente a figura de uma moça de pele branca e cabelos escuros, que dão um contorno suave ao seu lindo rosto. A música do local parece refletir os traços que se delineam no seu rosto. Os olhos distantes procuram por algo que talvez não estivesse ali, mas mesmo com a tristeza trazida pela música que parecia ser a sua trilha sonora, a sua beleza permanecia intacta. Das palavras inaudíveis que saíam da sua boca só me restou imaginar o alguém que naquele instante era merecedor das suas lágrimas e daqueles movimentos labiais que expressavam aquela pintura que poeticamente se mexia.
Se pensar bem, talvez nem a mão precisa de Da Vinci conseguisse dar conta dos mistérios contidos naquela figura. A minha descrição só pode servir ilustrativamente afinal, acho que eu fui o único espectador dessa enigmática obra. A moça se foi a medida que se esgotaram as horas e também estou certo de que ela não tem a mínima idéia do que protagonizou, mas todos aqueles minutos causaram impressões que se refletiram nas linhas acima e a mim só resta então aplaudir pois não acredito que conseguirei rever em nenhum outro "palco" a magnitude daquelas expressões novamente.

A arte e a beleza existem para que a verdade não nos destrua...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Entendimento volátil...

Olá a todos!

Ja há algum tempo que venho demonstrando - e escrevendo quando chego ao menor sinal de síntese - os meus recentes e, cada vez mais constantes, desapontamentos quanto ao entendimento das pessoas em suas aventuras no mundo complicado dos adultos. Esse que pode ser encarado como um desapontamento de frente ampla, afinal quando eu preciptadamente acho que não posso mais ser surpreendido, me deparo com uma evidência que manda por terra tudo que parecia certo; e aliado a isso, a nem tão agradável sensação de que isso me causa um certo incômodo.
Sem dúvida o que mais prepondera no curso natural do convívio é a capacidade (ou melhor, a falta dela) de se manter uma memória do que aconteceu em um passado médio. Em dias que os nossos compromissos com a máquina do capital nos faz perder vertiginosamente a capacidade de relevar pequenas rusgas, fazendo com que o menor arranhão se transforme numa profunda ferida, o menor imprevisto faz surgir frases recheadas da mais pura e desagradável irônia. E nessa seqüência é onde se começa a perceber as vírgulas que invariavelmente vão surgindo nos diálogos.
De tudo isso o que vai ficando cada vez mais evidente é que a medida que os anos passam e que, por mais que inevitavelmente as coisas deixem de funcionar como costumavam, são os abismos ao invés das pontes que vão sendo mais facilmente perceptíveis. Nesse ponto de vista, a procura por outros contatos assume uma intensidade que por vezes tende ao instantâneo ou, simplesmente leva a uma gradativa reclusão que, quem ouviu o que Casmurro e Cubas disseram, sabe bem do eu estou falando.
No mais, as pedras continuam rolando e vez por outra você abre mão da cara emburrada e divide algumas risadas para passar o tempo afinal, não se pode desvirtuar o tempo todo e se for parar para pensar, com todas as outras coisas que já existem para tornar o seu dia intragável, um pequeno furo não vai fazer a embarcação toda afundar, mas é bom lembrar que vai entrar muita água por aí...

Use a capacidade que tens. A floresta ficaria silenciosa se só o melhor pássaro cantasse...

domingo, 5 de julho de 2009

A que fica...

Olá a todos!

Atormentado por uma questão intrigante, queria descrever como pode ser algo aterrorizador você pensar na impressão que causa nos outros. Não é algo tão simples se você parar para observar que todos os atributos que você coloca no seu sorriso - seu cartão de visitas natural - possam, numa dada situação e hora erradas, funcionarem exatamente da maneira inversa das quais você a empregou.
"O inferno está cheio de boas intenções" é uma tira que o senso comum já imortalizou, mas se aliado a síntese sartriana de que "o inferno são os outros", acaba por resultar no pontapé inicial do meu questionamento. E quando as coisas não saem do jeito que você planejou? Mais vale você encarar os fatos e junto daqueles que provavelmente te atropelariam se pudessem, tentar começar do zero e tentar definir novas possibilidades, ou simplesmente escolher as armas e resolver isso a moda antiga?
O certo mesmo é que na maioria das vezes quando eu tentei consertar as coisas, elas definitivamente ficaram piores, e ainda hoje, mesmo com a sensação de que talvez um pouco mais de diálogo pudesse ter resolvido o impasse, o passo não dado também não custou tanto, as pessoas vão-e-vem e acabam por fazer o que acham melhor. Independentemente da impressão que ficou (que quase sempre é a pior possível), o melhor é não deixar a tensão desgatar o que de inteiro ainda resta no quadro da parede.
Mas se você não concorda comigo, nada posso fazer. Poderia ser pior, você poderia estar sozinho, poderia estar trancado sozinho. Como uma pedra que certamente cai, e nunca para. Você poderia estar perdido ou quem sabe poderia até ser salvo. Mas você quer parar antes de começar, quer afundar quando você sabe que podia nadar.Você simplesmente quer parar antes de começar.

Nada realmente importa, exceto a vida e o amor que você fez...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Invencível...

Olá a todos!

Por mais que hoje seja o dia onde em qualquer lugar você vai ler alguma nota relacionada a morte do cantor Michael Jackson, eu gostaria de nas linhas seguintes destacar algumas impressões acerca desta perda de mundo ao qual eu me prendo bastante que é o da musica - acima de todo o conceito de arte - e tudo o que vem a representar este fatídico acontecimento daqui por diante.
De todas estas "tragédias", que acredito ter sido a morte de Ayrton Senna a primeira, sem dúvida a morte de Michael tem um impacto incomensurável pois se trata de um cantor que ultrapassou os limites da música e sua influência foi tremenda que se perpetuou por duas gerações (80 e 90). Numa geração tão carente de verdadeiros astros como a minha, a figura de Michael sempre me vem a mente como um de seus espetáculos, onde a apoteose formava uma relação de simbiose com a música.
Acredito que a imagem dele que ficará gravada em minha memória será o poster que a personagem Punky - do seriado de mesmo nome - tinha em seu quarto, "o fogo nos olhos" que o fez se igualar a Elvis e Beatles, mas que ao mesmo tempo lhe negava o direito de poder ter sua própria vida, de poder se trancar e não falar com ninguém para, por um momento, deixar de ser Michael Jackson.
Outro fato a ser levantado é que a mesma mídia que lhe deu o trono de rei conspirou para o seu declínio e isso fez com que um garoto de pouco mais de 10 anos tivesse que se furtar a sua vida alimentando o sonho de outras pessoas. Faltou-lhe o direito que nós mortais temos de estar alheios ao mundo, pois, para ele nada poderia ser pior do que estar sozinho imerso numa multidão que lhe negou o direito de ter sua própria vida. Neste dia em que eu sei o que o mundo sentiu com a morte de Elvis e Lennon, digo que Michael deverá ser lembrado como um gênio que ultrapassou os limites da arte e da música enquanto industria e pelo preço que pagou por alcançar o topo.

O ruim desta minha geração é ver as estrelas se apagando ao invés de brilharem...

domingo, 24 de maio de 2009

Lugar nenhum...

Olá a todos!

Mais um inverno chegou e com ele a certeza antiga de que tudo continua a ir e voltar para o mesmo ponto de partida. Verdade que com alguns arranhões e mutilações a mais, mas estes destinados a materializar suas cicatrizes de forma a criar o que se pode chamar de medalhas de guerra.
Felizmente, hoje não vim aqui para lamentar e sim para tentar entender a maneira de como pequenos traços fazem com que você descubra que não está sozinho no mundo. Apesar de já ter escrito anteriormente sobre "envelhecer", sempre volto a este tema quando percebo nos mais próximos o quanto este sintoma tem sido um efeito nocivo nas suas vidas também. É como se você tivesse perdido uma sucessão enormes de trens que um após outro fez com que fosse impossível você chegar na estação que queria.
Tomando partido na discussão, acredito que a nossa geração não foi feita para envelhecer. Tivemos a nossa infância recheada pela cultura material "falsa" e apoteótica dos anos 80, nos anos 90 assistimos ao esmagamento dos nossos sonhos da "classe-média" e por fim entramos no novo milênio com a obrigação de nos situarmos como profissionais de sucesso sem ao menos saber o que queríamos fazer das nossas vidas estúpidas.
Agora tentamos correr atrás do prejuízo nos deleitando em ouvir os discos que não pudemos, assitir aos filmes que realmente valem a pena e, por fim, nos tornarmos guitarristas de sucesso e jogadores famosos através da varinha de condão do nosso conto. Esta não mais em forma de pequeno bastão e sim, em plástico com uma fita magnética que torna real os nossos "sapatinhos cristais"e acima de tudo, garante um adicional além da meia-noite...

E nessas horas, a necessidade de todos supera a necessidade de um...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Entre o ser e o estar...

Olá a Todos!

De todas as coisas que tem acontecido ultimamente, incluindo as mais estranhas - afinal ouvir discos de Bossa Nova realmente é algo no mínimo para se surpreender - as constantes considerações sobre o que sou e onde estou sempre resultam em posições díspares, as minhas expectativas sempre estão do lado oposto das perspectivas que em vão eu tracei enquanto os dias passavam.
Não acho que consiga, e nem quero, precisar o quanto eu mesmo contribuí para não realizar as coisas que tive vontade, acho que não acreditava nelas o suficiente (ou elas realmente não existiam). Mas nem por isso fiquei esperando o meu cortejo passar, quando não tinha tinta verde, eu procurei uma azul e outra amarela para ir colorindo do jeito que dava, não do jeito que precisava ser, mas da maneira que tinha que ser feita. 
Aliás não descarto a possibilidade de que a necessidade de fazer algo acontecer influenciou diretamente o produto final. De todas as coisas que tem me ocorrido, me pergunto se não teria mais opções se não fosse tão inflexível, se não seria mais firme se não divagasse tanto, se não seria mais presente se não almejasse o mundo, se teria feito sofrer menos se não fosse tão omisso, se não estaria derrotado se tivesse ficado do lado de quem me venceu enfim, se não seria mais feliz se não soubesse de tudo. 
O mais irônico nisso tudo é que eu não sei a resposta para nenhuma das perguntas acima, e falando sinceramente, me sinto muito aliviado por não saber. De todas as responsabilidades que eu carrego sem querer - e às vezes sem agüentar - o que eu menos quero é sentar na cadeira para ver um filme que já assisti.

O tempo acabou, a canção silenciou e eu acho que tinha algo mais a dizer...   

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Para fora

Olá a todos!

Muitos dias tem passado, mas parece que só os que são pintados do cinzento da chuva parecem me animar a escrever, além do que este é uma postagem solene. Fugindo ao padrão dos textos anteriores quero aqui mostrar algo que eu pensei que nunca fosse conseguir escrever:um poema. Por mais simples e sútil que venha a ser, me animo por ser o primeiro de outros que pretendo escrever, e aos que acharem piegas, vamos devagar, comecei agora:

Particularmente, acho bem particular
Que partes tão particulares aparentemente díspares
Sejam partículas de um fim sem começo mas,
Que poderia ser tão feliz enquanto fim.
Particularmente, eu acho que você precisa de mim.

Lá fora o fogo das caldeiras pede mais e mais...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Preso ao meio...

Olá a todos!

Queria poder oferecer estas linhas ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, mas por ainda responder juridicamente ao mundo dos vivos, tentarei não soltar farpas a torto e a direito, mas há de se saber que a vida é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra.
Devo confessar que nos últimos tempos não tenho conseguido precisar nos textos que tenho publicado por aqui o que é literatura e o que são lástimas. Verdade que entres os dois há todos os ingredientes necessários para um drama, que não necessariamente seria uma tragédia, mas ainda há a esperança de que qualquer atrevimento possa alterar o curso do destino, mas não se engane, o melhor drama está no espectador e não no palco.
Nesta ciranda que ainda assistirá a execução de muitas canções, acredito que muitos outros personagens surgirão e que muitas outras óperas ainda se realizarão, tudo é uma questão de estar no lugar certo do teatro. E há ainda aquelas coisas que só se aprendem tarde; é mister nascer com elas para fazê-las cedo. E melhor é naturalmente cedo que artificialmente tarde.
Machado de Assis já disse que "o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes." E acima de tudo isso se encerra a obra sem saber quem estava mentindo desde o começo...

Além do que, Le temps detrói tous...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Outros carnavais...

Olá a todos!

É, devo confessar que toda a agitação inerente a esta data deve ter algum ingrediente afrodisíaco de efeito inverso em mim. Me sinto muito mais apto a escrever nestas ocasiões onde o silêncio impera e qualquer ruído profanaria este templo sagrado. Aliado a isso, uma pitada de solidão melancólica dá o tom certo destas linhas que por um momento me inspiram um lirismo poético que comumente não se sobressai nas linhas que escrevo.
Falando nisso, a alguns dias estive considerando toda essa ausência de tato poético a qual infelizmente não me foi concedido pela Providência. Acredito que conseguiria exprimir de forma mais nobre os fracassos que insisto em publicar nestas linhas, que com a medida correta integraria as páginas de uma verdadeira epopéia que descreveria as aventuras de um herói que teria a missão de vencer a si mesmo.
Com certeza não haveria de faltar gigantes, bruxas, vilões e seres vis de toda a sorte, como também haveriam ínumeros aliados, amores em aventuras que só pelo seu empreendimento, já receberia as suas recompensas e presentes que sem muita dificuldade atingiriam o nível do fantástico. E mesmo que toda essa jornada excepcional não fosse alcançada, ainda restariamos moinhos-de-vento desta odisséia sem fim.
No entanto, todas estas tentativas de unir as pontas da vida num único compêndio não são possíveis, falta o herói, não há tesouro ao fim da jornada e acima de tudo, falta a poesia necessária para engrandecer a história, e mais uma vez perdeu-se o sonho antes do fim, e eu não consegui recompor nem o que foi nem o que fui.

Com certeza estaria sonhando se dissesse que podia dormir...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Silêncio e distância...

Olá a todos!

Incrível como os dias parecem voar entre as postagens ao mesmo tempo em que tudo parece inalterado e imutável, inerte as batidas do relógio. Logo se faz presente também a sensação de que o pouco tempo que há, torna mais próxima a sensação de estar amarrado a uma bomba-relógio que não vai tardar a mandar tudo que você conhece pelos ares.
Será que alguém já descobriu porquê a medida que o tempo passa as cores vão desbotando, a música silenciando e o amarelado se espalha por tudo que era antes tão brilhante? Bem enquanto não se descobre a resposta científica ao questionamento, só se fica evidente que todo brilho - meteórico ou não - é passageiro e que, só o que é opaco dura para sempre, numa espécie de sintonia total com sentido da vida.
E por mais apocaliptico que isso possa parecer, a maioria das pessoas não se cansam de angariar predicados intelectuais, adornos a mascara que ostentam na face, numa ingênua luta de cabo-de-guerra que fatalmente irão perder. Neste caso cabe perguntar se é mais válido cair aos excessos como forma de ir à forra, e ter-se a mente que viveu tudo que se podia viver ou, simplesmente deixar-se sentar e assistir de camarote a própria vida passando como os grãos de areia que caem de uma ampulheta, até que simplesmente literalmente se acabe o tempo?
Pior que todas as perguntas não respondidas com certeza, só o fato de não estar nas fotografias além do que esmoecer lentamente, escrevendo o testamento da vida e das conquistas que não se teve, legando como herança simplesmente o som do silêncio a herdeiros que provavelmente não se terá, um forma justa de se compensar a injusta existência...

Afinal a vida é o eterno ensaio de uma peça que nunca realizar-se-á...