sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Preço justo...

Olá a todos!

Não faz muito tempo que, com ledo engano, tive a pretensão de dividir opiniões aqui escrevendo sobre o que eu chamaria de omissão positiva - se é que isso é possível de alguma maneira. Desde então tenho sido intimado - mas bem menos do que o que gostaria - vez por outra, a elucidar os motivos dessa postura tão pouco ortodoxa e hoje, depois de um acontecimento que poderia ser legado facilmente ao trivial, meio que ensaiei a aplicação de uma teoria a sua nem tão coreligionária prática.
O fato isolado é em si uma das coisas que acontecem no dia-a-dia: a reprovação num este prático de direção. Toda a frustração do protagonista ainda não havia atigindo o seu clímax quando este o comunicou para os "amigos". O momento seguinte ao relato do acontecido foi para a infelicidade do nosso herói, talvez, a derrota mais amarga, pois foi reprovado por todos os seus pares, estes que acreditavam que ele deveria ter dado uma chorada para o fiscal. Neste ínterim, enquanto todas as possibilidades do que deveria ter sido feito/dito pelo nosso protagonista se esgotavam, eu me pus questionar a relação entre os valores e suas a(im)plicações.
Partindo da já errada premissa de que todos somos cidadãos responsáveis e conhecedores dos nossos direitos e deveres, nunca será exceção que quando sejamos nós que estivermos numa saia justa, as regras poderiam ser flexibilizadas. Esta mais autêntica aplicação do jeitinho brasileiro é por demais a maior responsável para que a sociedade não se choque com escândalos, desvios e toda a sorte de corrupção, pois é nesses menores casos do cotidiano que se tem plena convicção de que por mais que se ostente a placa de trabalhador honrado e cumpridor das normas, sabe-se que no fundo faria o mesmo que os senhores eleitos por eles próprios, afinal, faz claro sentido escolher um representante que transpareça os próprios princípios.
Nada do que foi escrito acima é novidade, Sérgio Buarque de Holanda já destacava as peculiaridades da cultura personalista desde quando desembarcaram por aqui os nossos colonizadores e não raro esses exemplos permanecem por aí. De tudo isso trago de vitória dois sentimentos: o de que essa revolta mesmo que interna, em algum lugar em mim se manifesta de forma a que eu me exclua desta prática nefasta; que na minha repulsa por esta maneira mais fácil de se conseguir as coisas, tive que caminhar e subir - e não raro escalar - todos os degraus que me trouxeram a esta metade do caminho...

E tudo permanece igual quando se pensa como tudo deveria ser...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Pagar para ver...

Olá a todos!

Foi passando o tempo ingenuamente com um jogo que nada tem de ingênuo - o poker - que a idéia de que os relacionamentos modernos (sendo estes amorosos ou não) estão cada vez mais fadados a se tornarem jogos-de-azar, jogando o que não tem, perdendo o que não pode, ganhando menos do que se esperava. Como comunmente tem se visto por aí, assumir uma relação tem adquirido muito mais traços de compartilhamento de convenções do que propriamente de reciprocidade. E nesta mão cega acaba se perdendo muito mais do que o que se apostou.
Nos atendo aos relacionamentos a dois, que é onde os danos de uma aposta mal sucedida pode acabar numa pior para um dos lados - e quase sempre para os dois - a idéia de permanecer no jogo é fixa enquanto as cartas estão do seu lado, "em time que se está vencendo..." diz o senso comum e a cada mão ganha, a sensação de que nada pode te parar é a mesma que te deixa cego para em seguida, numa virada de mesa você se ver sem uma única ficha para apostar.
Aqui não interessa se é um viciado em jogo ou se é um jogo viciado, se tudo vem fácil e fácil se vai, cartas, roletas e dados não interessam, o que interessa é quebrar a banca no fim da noite, e se não conseguir torcer para que a noite seguinte te traga uma sorte melhor. Nos jogos que se estabelecem com amantes, nem as cartas marcadas impedem de que profissionais e iniciantes, sortudos e azarões se igualem na mesma sequência de naipes e vejam a sua fortuna desaparecer quando as cartas são reveladas.
Não quero porém que me entendam como homem acima dos vícios, pelo contrário, estando num grupo seleto onde o azar se estende tanto ao jogo quanto ao amor, quantas e quantas vezes eu arrisquei na jogatina do destino pensando perder e ganhei. Mas sendo realista, não ganhei metade do que já empenhei nas mesas da vida, diria até que por vezes apostei demais numa mão que não retornaria o que foi posto a sorte, e no final tive que ver levarem todas as minhas fichas...

E foi só depois de perder que eu percebi que era um jogo...