domingo, 26 de julho de 2009

Fala retratada...

Olá a todos!

De todos os talentos que eu não tenho, com certeza não saber desenhar é um dos que eu mais lamento. Se eu tivesse essa capacidade de registrar em imagem o que os meus olhos vêm, iria criar um albúm só com esses registros. Disse tudo isso acima porque nem sempre as palavras são necessárias para descrever a beleza existente na vida comum e, algumas cenas não conseguiriam ser expressas nem em uma biblioteca inteira.
Esse sentimento engraçado, mas que ultimamente tem causado uma série de novas percepções e sensações, de observar o comportamento de pessoas em lugares e horas específicas. Pode ser que haja no ambiente algum fator que dê um contorno especial a estas situações, mas na maioria das vezes todos os elementos combinados servem como moldura a uma espécie de tela pintada que se move, e os movimentos adquirem um tom de coreografia que se ajusta na medida ao espetáculo criado pela minha observação.
A imagem veio quando me encontrava sentado frontalmente a figura de uma moça de pele branca e cabelos escuros, que dão um contorno suave ao seu lindo rosto. A música do local parece refletir os traços que se delineam no seu rosto. Os olhos distantes procuram por algo que talvez não estivesse ali, mas mesmo com a tristeza trazida pela música que parecia ser a sua trilha sonora, a sua beleza permanecia intacta. Das palavras inaudíveis que saíam da sua boca só me restou imaginar o alguém que naquele instante era merecedor das suas lágrimas e daqueles movimentos labiais que expressavam aquela pintura que poeticamente se mexia.
Se pensar bem, talvez nem a mão precisa de Da Vinci conseguisse dar conta dos mistérios contidos naquela figura. A minha descrição só pode servir ilustrativamente afinal, acho que eu fui o único espectador dessa enigmática obra. A moça se foi a medida que se esgotaram as horas e também estou certo de que ela não tem a mínima idéia do que protagonizou, mas todos aqueles minutos causaram impressões que se refletiram nas linhas acima e a mim só resta então aplaudir pois não acredito que conseguirei rever em nenhum outro "palco" a magnitude daquelas expressões novamente.

A arte e a beleza existem para que a verdade não nos destrua...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Entendimento volátil...

Olá a todos!

Ja há algum tempo que venho demonstrando - e escrevendo quando chego ao menor sinal de síntese - os meus recentes e, cada vez mais constantes, desapontamentos quanto ao entendimento das pessoas em suas aventuras no mundo complicado dos adultos. Esse que pode ser encarado como um desapontamento de frente ampla, afinal quando eu preciptadamente acho que não posso mais ser surpreendido, me deparo com uma evidência que manda por terra tudo que parecia certo; e aliado a isso, a nem tão agradável sensação de que isso me causa um certo incômodo.
Sem dúvida o que mais prepondera no curso natural do convívio é a capacidade (ou melhor, a falta dela) de se manter uma memória do que aconteceu em um passado médio. Em dias que os nossos compromissos com a máquina do capital nos faz perder vertiginosamente a capacidade de relevar pequenas rusgas, fazendo com que o menor arranhão se transforme numa profunda ferida, o menor imprevisto faz surgir frases recheadas da mais pura e desagradável irônia. E nessa seqüência é onde se começa a perceber as vírgulas que invariavelmente vão surgindo nos diálogos.
De tudo isso o que vai ficando cada vez mais evidente é que a medida que os anos passam e que, por mais que inevitavelmente as coisas deixem de funcionar como costumavam, são os abismos ao invés das pontes que vão sendo mais facilmente perceptíveis. Nesse ponto de vista, a procura por outros contatos assume uma intensidade que por vezes tende ao instantâneo ou, simplesmente leva a uma gradativa reclusão que, quem ouviu o que Casmurro e Cubas disseram, sabe bem do eu estou falando.
No mais, as pedras continuam rolando e vez por outra você abre mão da cara emburrada e divide algumas risadas para passar o tempo afinal, não se pode desvirtuar o tempo todo e se for parar para pensar, com todas as outras coisas que já existem para tornar o seu dia intragável, um pequeno furo não vai fazer a embarcação toda afundar, mas é bom lembrar que vai entrar muita água por aí...

Use a capacidade que tens. A floresta ficaria silenciosa se só o melhor pássaro cantasse...

domingo, 5 de julho de 2009

A que fica...

Olá a todos!

Atormentado por uma questão intrigante, queria descrever como pode ser algo aterrorizador você pensar na impressão que causa nos outros. Não é algo tão simples se você parar para observar que todos os atributos que você coloca no seu sorriso - seu cartão de visitas natural - possam, numa dada situação e hora erradas, funcionarem exatamente da maneira inversa das quais você a empregou.
"O inferno está cheio de boas intenções" é uma tira que o senso comum já imortalizou, mas se aliado a síntese sartriana de que "o inferno são os outros", acaba por resultar no pontapé inicial do meu questionamento. E quando as coisas não saem do jeito que você planejou? Mais vale você encarar os fatos e junto daqueles que provavelmente te atropelariam se pudessem, tentar começar do zero e tentar definir novas possibilidades, ou simplesmente escolher as armas e resolver isso a moda antiga?
O certo mesmo é que na maioria das vezes quando eu tentei consertar as coisas, elas definitivamente ficaram piores, e ainda hoje, mesmo com a sensação de que talvez um pouco mais de diálogo pudesse ter resolvido o impasse, o passo não dado também não custou tanto, as pessoas vão-e-vem e acabam por fazer o que acham melhor. Independentemente da impressão que ficou (que quase sempre é a pior possível), o melhor é não deixar a tensão desgatar o que de inteiro ainda resta no quadro da parede.
Mas se você não concorda comigo, nada posso fazer. Poderia ser pior, você poderia estar sozinho, poderia estar trancado sozinho. Como uma pedra que certamente cai, e nunca para. Você poderia estar perdido ou quem sabe poderia até ser salvo. Mas você quer parar antes de começar, quer afundar quando você sabe que podia nadar.Você simplesmente quer parar antes de começar.

Nada realmente importa, exceto a vida e o amor que você fez...